Editoria: Vininha F. Carvalho 03/02/2006
A água do mar não é importante para os peixes teleósteos marinhos apenas do lado de fora dos organismos desses animais. Ela desempenha também um papel fundamental dentro dos ovos. Ao abrirem seus canais de água, essas estruturas ficam hidratadas e passam a flutuar ao sabor das correntes.
A estratégia de sobrevivência escolhida pela seleção natural para os peixes marinhos sempre instigou a curiosidades dos cientistas. O "truque" da flutuabilidade é importante, pois sem ele seria muito difícil para os ovos se espalharem pelos mares - distribuídos por diversos lugares, as chances de os ovos vingarem é maior, ajudando na preservação da espécie. Agora, conforme artigo publicado pela revista Science, ficou mais fácil entender, do ponto de vista bioquímico, como essa operação ocorre.
O artigo assinado por Mercedes Fabra, do Centro de Referência em Aquacultura de Barcelona, na Espanha, e colegas, revela uma descoberta importante. Segundo os cientistas, trata-se de um tipo específico de proteína do grupo da aquaporina que regula a entrada e a saída de água dos ovos dos teleósteos.
Os pesquisadores já sabiam, de trabalhos anteriores, que aminoácidos livres presentes na proteína da gema dos ovos tinham um papel importante na regulagem osmótica do ambiente, o que facilitaria a entrada de água. Agora, com a descoberta da nova proteína a equação pode ser fechada com mais precisão.
Para chegar aos resultados divulgados agora, os pesquisadores europeus estudaram o material genético do peixe dourado Sparus aurata. Foram feitos vários estudos filogenéticos com o DNA dos animais para chegar à proteína final.
O artigo Marine Fish Egg Hydration is Aquaporin-Mediated, de M. Fabra, D. Raldua, J. Cerda, do Centro de Referência em Aqüacultura de Barcelona, D.M. Power, da Universidade do Algarve em Faro, Portugal, e P.M.T. Deen, do Centro Médico Nijmegen, na Holanda, pode ser lido no site da Science.